sábado, 24 de marzo de 2012


CARACTERIZANDO O PÚBLICIO EM EJA



Como havíamos nos reportado, creio que já estejamos um pouco entendidos sobre esta modalidade de ensino, que tem carecido de incentivo, financiamentos, e contribuições em geral.
Hoje vamos enfocar um pouco sobre o público que compõe a modalidade em EJA, ao passo que vamos argumentar o quanto faz-se necessário uma metodologia, currículo, didática específicos para o mesmo.
Conforme previsto na Constituição Federal deoutubro de 1988, artigo 208 inciso I, a principal tarefa da Educação de Jovens e Adultos, é garantir o acesso e a permanência ao ensino fundamental a todos, também aos jovens e adultos que não tiveram a oportunidade de estudar em idade própriaesta é a primeira característica deste público.

São aqueles que não tiveram passagens anteriores pela escola ou, ainda, aqueles que não conseguiram acompanhar e/ou concluir a Educação Fundamental, evadindo da escola pela necessidade do trabalho ou por histórias margeadas pela exclusão por raça/etnia, gênero, questões geracionais, de opressão entre outras.
São alunos na EJA jovens, adultos e idosos; homens e mulheres que lutam pela sobrevivência nas cidades ou nos campos. Em sua maior parte, são negros e, em especial, mulheres negras. São moradores/moradoras de localidades populares; operários e operárias assalariados(as) da construção civil, condomínios, empresas de transporte e de segurança; trabalhadores de atividades informais, vinculadas ao comércio e ao setor doméstico.

O estudo do MEC /SECAD caracterizou este público como:  homens, mulheres, jovens, adultos ou idosos que buscam a escola e  pertencem todos à uma mesma classe social: são pessoas com baixo poder aquisitivo, que consomem de modo geral, apenas o básico à sua sobrevivência: aluguel, água, luz, alimentação, remédios para seus filhos (quando os têm). O lazer fica por conta dos encontros com as famílias ou dos festejos e eventos das comunidades as quais participam, ligados muitas vezes às igrejas ou associações. A televisão é apontada como principal fonte de lazer e informação. Quase sempre seus pais têm ou tiveram uma escolaridade inferior à sua.


É indispensável chamar a atenção de que fora também previsto na referida Constituição e na LDB/96 que é de responsabilidade dos municípios assegurar gratuitamente aos jovens e adultos o Ensino Fundamental, aos que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, considerando as características do aluno, seusinteresses, condições de vida e de trabalho. Também cabe a esses sistemas de ensino, viabilizar e estimular o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre os diversos setores das esferas públicas. (ponto que será tema da nossa próxima postagem!!!)

Para nossa reflexão e incentivo diante desta realidade em EJA, faço citação à Paulo Freire, grande incentivador do desenvolvimento deste segmento educacional, e que nos convida a sempre acreditar que os nossos educandos são capazes desconstruir estigmas:

“Sempre recusei os fatalismos. Prefiro a rebeldia que me confirma como gente e que jamais deixou de provar que o ser humano é maior do que os mecanicismos que o minimizam.” (FREIRE, 1998, p.130)